Fazenda Três Poços
As terras que deram origem a esta fazenda tiveram como primeiro proprietário o sesmeiro Mateus Pereira de Araújo e Oliveira, cujas terras de meia légua em quadra foram concedidas em 1784. Por venda passaram a outros proprietários, entre eles, José Gonçalves de Moraes, futuro Barão de Piraí.
Por volta de 1834, Três Poços foi doada por José Gonçalves de Moraes ao seu genro, Comendador Lucas Antônio Monteiro de Barros, filho do Visconde de Congonhas do Campo, casado com D. Cecília Gonçalves de Moraes, da família Breves, por parte de mãe.
O casal teve seis filhos, entre eles Maria Eugênia, nascida na fazenda, e que mais tarde viria a ser a Condessa Monteiro de Barros, título a ela concedido pelo Vaticano. Além dela, entre tantos netos e bisnetos do casal pioneiro – considerando apenas os nascidos em Três Poços –, sete ostentaram títulos de nobreza, também de origem estrangeira, a saber: um conde, quatro condessas, um visconde, e uma baronesa.
Com o casal Lucas Antônio e Cecília, Três Poços alcançou grande prosperidade, atingido no ano de 1860 a produção de 22.000 arrobas e 330t de café em grão. Estavam por trás desta grande produção, 627 escravos sendo, somente em Três Poços, 313 (havia mais outras fazendas anexas, entre elas a Santa Cecília, berço da CSN, Brandão e Volta Redonda).
A sede da fazenda, construída provavelmente na década de 1840, recebeu, em 1859, a visita do viajante português Augusto Emílio Zaluar que almoçou com o proprietário antes de seguir viagem para Barra Mansa.
Com a morte do comendador, ocorrida em 1864, assumiu a propriedade e deu a ela grande impulso à viúva, D. Cecília de Moraes Monteiro de Barros, que sobreviveu ao marido 56 anos. Após sua morte em 1918, com a idade de 98 anos, parte das terras (100 alqueires), o solar e as instalações da fazenda, agora já mais voltada à pecuária leiteira, foram doadas em testamento aos monges Cistercienses, mais conhecidos como Trapistas, e, depois de passar por outras congregações religiosas, como os Beneditinos, foi desapropriada em 1967 e transformada na Fundação Oswaldo Aranha. Hoje, em parte das terras da antiga fazenda estão instaladas unidades do campus universitário da FOA.
A partir de 1871 a fazenda era servida de transporte ferroviário, através da “Estação Três Poços”.
Atualmente, o histórico Solar, que mantém externamente grande parte de sua configuração original, é ocupado pela Escola de Engenharia Civil da Fundação Oswaldo Aranha / FOA e está tombado pelo decreto municipal número 2.117, de 23 de dezembro de 1985.
Partes das antigas instalações da unidade de produção de café resistem ao lado da sede como, por exemplo, um interessante moinho que tem sua estrutura de madeira, inclusive eixos, polias e engrenagens, e que era acionado por força hidráulica provida pela roda d’água (não mais existente) que fazia girar, dentro de um recipiente circular também de madeira, duas pesadas pedras de moer em formato de queijo.
O altar da capela desta fazenda foi transferido para a Fazenda Feliz Remanso, cujos proprietários atuais são descendentes do casal Lucas Antônio e Cecília.